segunda-feira, 20 de junho de 2011

Que se fechem as cortinas


Fico sem entender o motivo dessa mania feia que nós humanos temos de supervalorizar o nosso próprio sofrimento. Não explicação para um comportamento tão pouco colaborador, não estou escrevendo aqui para medir proporções de sofrimento, a idéia não é essa, mas imagine, existem pessoas que tem o seu problema, isso é normal e vale mencionar que muitas vezes o que é pequeno para uma pessoa é enorme para outra, mas a tônica aqui não é esta. Tudo gira em torno do que é feito com esse sofrimento. É fácil perceber que é sempre mais fácil colocar o problema no maior palco da nossa vida e super dimencioná-lo de forma que ele seja lá, a estrela principal e nesse momento o que tinha uma proporção tende a dobrar pois vive-se tendo o problema como o foco, agigantando- o. Pior do que inflar os problemas é se diminuir diante deles. Se seu problema é gigante, espelhe-se em que já venceu gigantes, com um olhar um pouco mais amplo sempre se encontra um bom exemplo a sua volta e se ele é pequeno não faça dele o gigante que domina a sua vida, afinal você é bem maior do que qualquer um deles e a atitude de assistir o show do sofrimento em um palco sofrível acaba não levando o telespectador a lugar nenhum, melhor é que nem haja palco e show , mas se você já se encontra nessa platéia de um homem só, que se fechem as cortinas...

Sorrisos e Lágrimas


Se me perguntarem o que é mais válido entre um sorriso ou uma lágrima, te respondo sem titubear, uma lágrima vale mais. Caro leitor você deve ter ficado bem encucado com essa afirmativa, deve pensar, este sujeito é maluco, pois bem, segue a explicação. O sorriso é sempre muito barato, o sorriso pode não exprimir o que realmente uma pessoa está sentindo, existem teses, que comprovam clinicamente que grande parte dos suicidas estava sempre sorrindo, aparentemente felizes e que só mostravam seu verdadeiro estado de espírito ao cometer tamanha insanidade, atentar contra a própria vida. O sorriso tem várias faces que não o justificam como um bom preceito, cinismo, um simples ato de simpatia forçada ou até mesmo uma resposta a uma pergunta da qual você não sabe responder, sim, o sorriso é a melhor resposta e o melhor dos esconderijos,  mera expressão de fora pra dentro.
Já as lágrimas costumam ser bem mais sinceras, ninguém chora por opção, como por exemplo sorri, nas lágrimas, salvo em algumas poucas ocasiões. Uma lágrima morna, cura, ensina a ultrapassar limites emocionais e ensina a viver. É através dela, quando se apresenta sofrida “chorada”, é que o homem cresce como pessoa, as lágrimas moldam o caráter e expressam o que há de mais profundo.  Fazem um caminho do interno para o externo e quando expressadas pela felicidade são sempre mais profundas do que o sorriso, uma lágrima de felicidade vem da alma, da vitória sofrida. Um choro de alegria que se encontra com um sorriso é o sinal mais belo de que a tristeza foi vencida e de que o próprio homem superou suas dores e limitações, e se tiver que ser sorriso, tudo bem, que seja emocionado.

sábado, 18 de junho de 2011

Pintura harmônica maior


No período do alto renascimento,  observei um pintor de rua, sob a sombra, num canto de uma praça qualquer. Poeta, músico, escultor, arquétipo renascentista, religiosamente aberto ao que o coração lhe falava, centrado fitando, somente riscava.
Na viagem do novo pro velho mundo pus-me a acompanhar sua pintura, pintava uma menina, talvez mulher, e nos ingredientes de sua imaginação traçava os cachos de um cabelo negro...
Resolvi observar até o fim, afinal, com a arte certamente o tempo não é perdido, apreciei os olhos expressivos e a pele clara quase rosa daquela pintura. Seguiam os riscos e se desenhava a perfeição. No seu momento de pausa, perguntei-lhe se era sua esposa, e ele disse que nunca seria, mas não negou sua existência. Seu comportamento me confirmava que aquela expressão dos olhos pintados muitas vezes lhe foi direcionada.
Após cinco longas horas, como cinco letras de um nome ou sete cores do arco-íris, tais como sete notas musicais, nítidas, bem soadas e sem dissonância, no seu canto, ao lado do de um banco, dava as últimas pinceladas ao som do seu próprio cantar. Era um homem que já não duvidava da possível exceção aplicada  para o ditado de que "ninguém é perfeito". Ali mostrava ter um novo credo, pois expressar nada mais é do que externar a sensação de um sentimento vivido, porém o artista nunca poderia certificar-se da veracidade de tamanha perfeição, a ele era inalcançável, estava somente ao alcance de outras mãos...